quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Mito do Iogurte

PORQUE QUESTIONO O MITO DO IOGURTE

DR. HIROMI SHINYA

Chefe da unidade de endoscopia do Beth Israel Medical Center

Professor de cirurgia no Albert Einstein College of Medicine

Recentemente, vários tipos de iogurte, como “iogurte do Mar Cáspio” e “iogurte de aloe vera”, tornaram-se muito populares no Japão porque seus benefícios à saúde são amplamente divulgados. Mas acho que tudo isso é falso. 

O que costumo ouvir das pessoas que consomem iogurte é que o intestino melhorou, a prisão de ventre foi curada e a cintura diminuiu. Elas acreditam que esses resultados se devam aos lactobacilos do iogurte.

Entretanto, os benefícios dos lactobacilos são questionáveis desde as suas bases. Os lactobacilos são originalmente encontrados no intestino humano. Essas bactérias são chamadas “bactérias intestinais”. O corpo humano tem um sistema de defesa contra bactérias e vírus exógenos, portanto, mesmo as bactérias que fazem bem ao organismo, como os lactobacilos, serão atacadas e destruídas pelas defesas naturais do corpo se não fizerem parte da flora intestinal. 

A primeira linha de defesa é o ácido gástrico. Quando os lactobacilos do iogurte entram no estômago, a maioria é destruída por esse ácido. Por isso, houve alguns avanços recentes e a embalagem dos iogurtes traz a seguinte frase: “lactobacilos que chegam ao seu intestino”.

Entretanto, mesmo que as bactérias consigam chegar ao intestino, é possível que elas trabalhem em conjunto com as bactérias que habitam o intestino? 

Questiono o iogurte porque, no contexto clínico, as características intestinais das pessoas que consomem iogurte diariamente nunca são boas. Tenho uma forte suspeita de que, mesmo se os lactobacilos do iogurte chegassem vivos ao intestino, não só não fariam o intestino funcionar melhor como ainda prejudicaria a flora intestinal.

Então, por que muitas pessoas acham que o iogurte melhora a saúde? Para muitos, o iogurte parece “curar” a prisão de ventre. Essa “cura”, entretanto, é, na verdade, um caso de diarréia branda. Eis como isso provavelmente funciona: os adultos têm carência de enzimas que decompõem a lactose, ou açúcar encontrado nos derivados do leite. Mas a lactase, enzima que decompõe a lactose, começa a diminuir no organismo à medida que envelhecemos. Em certo sentido, isso é natural, porque são as crianças que bebem leite, e não os adultos. Em outras palavras, os adultos não precisam de lactase.

O iogurte é rico em lactose, mas a falta da enzima lactase não permite que ela sem bem digerida, resultando em má digestão. Resumindo, muitas pessoas têm diarréia leve quando consomem iogurte. Consequentemente, essa diarréia leve, que na verdade é uma excreção das fezes compactadas e acumuladas no cólon até aquele momento, é erroneamente considerada a cura da prisão de ventre.

As condições intestinais da pessoa que consome iogurte todos os dias pioram. Posso afirmar isso com base em minhas observações clínicas. O consumo diário de iogurte aumenta cada vez mais o mau cheiro das fezes e dos gases. Isso é uma indicação de que o seu ambiente intestinal está piorando. A razão do mau cheiro é a produção de toxinas no interior do cólon. Assim, ainda que as pessoas falem dos efeitos saudáveis do iogurte (e as empresas de iogurte não economizam elogios aos seus produtos), na verdade, ele contém muitas coisas que não são boas para o organismo. 

Como afirmei no início, entremos agora em uma era em que nós próprios precisamos cuidar de nossa saúde. Em vez de simplesmente aceitar as informações que chegam até nós, precisamos testá-las em nosso próprio corpo. 

Quando eu digo que é preciso testá-lo no próprio corpo, não quero dizer apenas comer ou experimentar qualquer outra coisa. A pessoa que acredita que o iogurte acabou com a sua prisão de ventre porque ele provocou diarréia não está vendo o contexto todo. Testar no próprio corpo quer dizer primeiro informar-se para obter a melhor orientação possível, depois colocá-la em prática e, por fim, de tempos em tempos, consultar um médic o de confiança para exame do trato gastrintestinal. Desse modo, será possível confirmar ou rejeitar os conselhos recebidos. Se você pretende colocar em pratica a Alimentação e o Estilo de Vida do Fator Enzimático contido neste livro, recomendo fazer um exame endoscópico antes de começar, e outro dois ou três meses depois. Tenho certeza de que ocorrerão grandes mudanças em suas características gastrintestinais, para melhor.

Para viver mais e com saúde, não se deixe levar por vozes externas, e sim, incline a cabeça e ouça as vozes que vêm do seu corpo. 

(págs. 50 a 52, do livro: “A Dieta do Futuro” Dr. Hiromi Shinya, São Paulo, Editora Cultrix, 2010).

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