quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dormir bem faz bem ao cérebro


Cientistas americanos acreditam ter descoberto mais um motivo para incentivar as pessoas a tentar ter uma boa noite de sono: dormir ajudaria a repor um tipo de célula do cérebro.
Segundo eles, dormir eleva a produção de células que produzem uma substância estimuladora conhecida como mielina, responsável proteger o circuito neural.
A pesquisa, realizada até agora somente com ratos de laboratório, poderia ajudar a entender a ação do sono na reparação e no crescimento do cérebro, além do combate à esclerose múltipla, disse a equipe de cientistas do Estado americano de Wisconsin.
As descobertas foram publicadas na revista científica Journal of Neuroscience.
A equipe liderada pela cientista americana Chiara Cirelli, da Universidade de Wisconsin, descobriu que a taxa de crescimento das células produtoras de mielina dobrou enquanto os ratos dormiam.
O aumento se deu com maior intensidade durante o período associado ao sonho – chamado de REM ou “movimento rápido dos olhos” – e foi produzido por genes.
Em contrapartida, genes envolvidos na morte das células e em respostas de estresse passaram a ser observados quando as cobaias foram forçadas a permanecer acordadas.
O motivo pelo qual os seres humanos precisam dormir intriga os cientistas há séculos. Já se sabe que uma boa noite de sono ajuda o corpo a repor as energias e garante seu bom funcionamento – mas o processo biológico que acontece durante esse período só começou a ser estudado recentemente.
Crescimento e reparação:
“Por muito tempo, os cientistas concentraram seus esforços em comparar a atividade cerebral quando estamos dormindo e quando estamos acordados”, explica Cirelli. “Agora, está claro que a maneira como operam outras células de apoio no sistema nervoso também muda significativamente se estivermos dormindo ou acordados.”
Os cientistas dizem que suas descobertas indicam que a perda de sono pode agravar alguns sintomas da esclerose múltipla, doença que prejudica a produção de mielina.
Nela, o sistema imunológico ataca e destrói o revestimento de mielina dos neurônios e da medula e do cordão espinhal.
Segundo Cirelli, estudos posteriores poderão observar se o sono afeta ou não os sintomas da esclerose múltipla.
Ela acrescenta que sua equipe também vai examinar se a falta de sono, especialmente durante a adolescência, pode gerar efeitos nocivos de longo prazo para o cérebro.
De acordo com o Instituto Americano de Transtornos Neurológicos e de Acidente Vascular Cerebral, dormir ajuda o sistema nervoso a funcionar corretamente.
Um sono profundo coincide com a liberação do hormônio do crescimento em crianças e em jovens adultos. Muitas das células do corpo também registram elevação da produção e redução da quebra de proteínas durante esse período.
Dado que as proteínas ajudam o crescimento das células e a reparação dos danos causados por estresse e raios ultravioletas, uma boa noite de sono realmente pode significar o “sono da beleza”, acrescenta a instituição.
Dormir sete ou mais horas por dia faz bem ao coração, diz estudo:
De acordo com a pesquisa, seguir uma dieta saudável, não fumar, beber com moderação e fazer exercícios regularmente podem reduzir o número de mortes causadas por doenças cardiovasculares, mas mais vidas poderiam ser salvas se, junto a isso, as pessoas tivessem uma boa noite de sono.
A equipe, da Universidade de Wageningen e do Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente da Holanda, acampanhou o estado de saúde de mais de 14 mil homens e mulheres durante uma década.
Ao final do estudo, publicado no European Journal of Preventive Cardiology, 600 haviam sofrido de doenças cardiovasculares ou infarto e 129 haviam morrido.
Saúde pública:
O estudo concluiu que as pessoas que seguiam hábitos saudáveis tinham 57% menos chances de desenvolver doenças cardiovasculares e risco 67% menor de morrer desses males.
Mas quando uma boa noite de sono foi somada à equação – sete ou mais horas por dia –, os analisados tinham 65% menos chances de desenvolver problemas do coração e um risco 83% menor de morrer.
Segundo os pesquisadores, outras pesquisas já haviam indicado uma relação entre poucas horas de sono e doenças cardiovasculares, mas esta é a primeira a investigar se os hábitos de dormir bem e levar uma vida saudável podem reduzir o risco de morte por males do coração.
“O impacto que boas noites de sono e uma vida saudável podem ter na saúde das pessoas pode ser substancial”, afirmam os cientistas.
Ao comentar o estudo, o professor Grethe Tell, da Universidade de Bergen, Noruega, afirmou que “sob o ponto de vista da saúde pública, as pessoas devem ser encorajadas a dormir bem e, assim como qualquer outro hábito de vida saudável, isso deve ser ensinado em casa”, afirmou.
Insônia:
Doireann Maddock, enfermeira cardiologista da organização British Heart Foundation, disse que pessoas que sofrem de insônia não deveriam ficar assustadas com os resultados do estudo.
“O estudo não afirma que quem dorme pouco pode sofrer de problemas do coração”, disse Maddock, acrescentando que pessoas que têm dificuldade de dormir devem evitar cafeína e refeições pesadas antes de ir dormir.

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